18 de abril de 2016

Os gargalos ainda remanescentes do Sped e o Bloco K

Em que pese a evolução da conscientização das empresas sobre a necessidade de adaptar os seus processos à nova era da informação provocada pelo Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) e seus inúmeros braços, muitas delas ainda convivem com métodos atrasados e que as impõem diversos gargalos no envio de dados ao fisco.

Um dos problemas mais recorrentes nas empresas está no cadastramento de clientes, fornecedores e, principalmente, dos produtos, que exigem um conhecimento prévio sobre seus NCM’s (Nomenclatura Comum do Mercosul) e CST’s (Código da Situação Tributária) de PIS, Cofins, ICMS e IPI.

Isso influencia diretamente na elaboração de obrigações como Nota Fiscal Eletrônica, SPED Fiscal ICMS/IPI, EFD Contribuições PIS e Cofins, ECD – Escrituração Contábil Digital e ECF – Escrituração Contábil Fiscal, desencadeando uma série de contratempos, como retrabalho, atraso no cumprimento das obrigações e multas – que por, sua vez, costumam ser pesadas.

No caso específico dos NCM’s e CST’s, a inserção incorreta destes dados, em diversas situações, pode penalizar ainda mais os comerciantes desatentos, que acabam pagando tributos maiores do que o exigido, caso estivessem realizando essa operação corretamente.

Com o advento do Bloco K do Sped, previsto para janeiro de 2017, tal aspecto ganhará ainda mais importância, pois o fisco passará a cruzar as informações das indústrias com os estoques dos distribuidores, a fim de controlar completamente o ciclo dos produtos, evitar fraudes e aumentar a arrecadação.

É preocupante as faltas de preparo e de investimentos das empresas para se adaptarem a tais mudanças. São poucos os que estão empregando recursos em treinamentos de sua mão de obra e na implantação de sistemas capazes de tratar esses dados conforme as exigências da Receita.

O papel da contabilidade, neste sentido, ganha importância ainda maior, ao fazer uma ampla análise tributária da empresa, bem como de seus produtos e serviços individualmente, a fim de solucionar eventuais incoerências e evitar problemas futuros.

O contador deve também elaborar um plano de ações, junto com o gestor do negócio, para auxiliar desde a contratação do software até na definição das competências necessárias aos profissionais que operacionalizarão essas atividades no dia a dia, elaborando um cronograma de treinamentos para adaptá-los a essa nova realidade.

Se o Bloco K gerará mais custos aos empresários neste primeiro momento, é fato que também propiciará uma visão mais detalhada e aprimorada do seu negócio, o que poderá resultar em reduções de custos e oportunidades geradas a partir da análise desses dados.

Resta aos empresários usar este cenário a seu favor e implementar as mudanças necessárias desde já, a fim de criar diferenciais para seus negócios e não serem pegos de surpresa quando o governo decidir não postergar mais o prazo de entrada em vigor dessa nova obrigação.

Fonte: Luciane Carla Wegrzynek é contadora especializada em auditoria e gestão contábil e diretora executiva da NTW Joaçaba.

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