15 de maio de 2020

Paralisação em função da pandemia gera custo de R$ 20 bilhões por semana ao país, segundo Ministério da Economia

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (ME) apresentou nesta quarta-feira (13/5) o Boletim Macrofiscal, referente ao mês de maio, a publicação traz projeções para as principais variáveis macroeconômicas, como PIB e inflação. A SPE também divulgou dois estudos que avaliam o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a economia do Brasil.

Os dados apontam que os custos imediatos são de R$ 20 bilhões por semana durante a paralisação. Com a situação acumulada até agora, projeta-se uma retração de 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. A projeção oficial anterior era de variação zero no PIB deste ano. Os dados foram apresentados em entrevista coletiva transmitida pela internet.

O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, destacou que as estimativas do Ministério da Economia estão alinhadas às perspectivas de mercado e que o cálculo foi realizado para que houvesse estimativas do custo econômico do distanciamento social e, com isso, estimar qual será a variação do PIB este ano. Para 2021, é considerado crescimento de 3,2% do PIB. O trabalho considerou cenário com o fim do isolamento social em 31 de maio.

Super âncora

Waldery Rodrigues destacou que o país agiu de forma rápida e eficaz para combater os efeitos do coronavírus, com esforço fiscal próximo a 5% do PIB. Na avaliação do secretário, o governo continua perseguindo a austeridade fiscal, construindo mecanismos que não transformarão os gastos emergenciais deste momento em despesas permanentes. Mas ressaltou também que era preciso ter cálculos robustos sobre o impacto da Covid sobre a economia, para que o país possa se preparar para a retomada das atividades e do crescimento. “Teto de gastos é a nossa âncora fiscal. Já era uma âncora e agora é uma super âncora”, declarou Rodrigues.

“Este estudo foi feito porque precisamos de estimativas do custo econômico do distanciamento social para ter base no cálculo do PIB em 2020. Não é crítica ao distanciamento. É uma estimativa”, disse o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. “O Ministério da Economia não se pronuncia sobre a extensão da quarentena; aqui são estimativas quantitativas da situação”, disse Waldery Rodrigues.

Componentes

A nova estimativa foi obtida por meio do acompanhamento desagregado dos 128 produtos da Tabela de Recursos e Usos (TRU) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao considerar que ainda há incerteza sobre o prolongamento do isolamento, da velocidade da retomada da economia e do potencial de destruição estrutural da crise, os dados poderão ser revisados, aponta a Secretaria de Política Econômica (SPE), que preparou o trabalho.

O estudo informa que os efeitos econômicos da pandemia são diretamente relacionados à determinação do isolamento social e levam em consideração que a paralisação terminará em 31 de maio. Nesse contexto, três componentes foram considerados: impacto imediato diante das restrições à produção e ao consumo, duração do período de recuperação e impacto sobre a trajetória de longo-prazo da economia.

“O crescimento deste ano e do próximo dependem muito do que acontecerá em breve. O custo dessa crise não é apenas transitório, pode ser permanente em efeitos econômicos. Quanto mais lento for o retorno, menor será o crescimento deste ano”, apontou o subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Teles. “R$ 20 bilhões por semana é o custo de curto prazo. Depois disso há o custo indireto. Quanto mais demorar, mais empresas irão à falência, maior será o desemprego no futuro, mais tempo vai demorar a retomada econômica”, reforçou Sachsida.

O titular da SPE apresentou dados do Prisma Fiscal, no qual são captadas as percepções de agentes de mercado. A mais recente previsão aponta para uma alta da relação entre dívida bruta e PIB para 89,95% no ano (em março a previsão era de 76,45%). A despesa total agora é estimada em R$ 1,758 trilhão (ante R$ 1,466 trilhão em março). O secretário Especial Waldery Rodrigues destacou que uma vez superada a crise, a meta é colocar esses indicadores em movimento de queda, retomando a agenda de reformas e de ajuste fiscal.

Futuro

Foram estabelecidos quatro cenários de perda de produto per capita para estimar o potencial impacto econômico de longo prazo que a nova pandemia pode ter no Brasil: quedas de 10%, 7,5%, 5%, 2,5% e 0% sobre o produto de longo prazo.

“Em um cenário de retomada cíclica até o segundo trimestre de 2021, reduções estruturais no nível do PIB de longo prazo de 5%, reduzirão o PIB semanalmente em quase R$ 5 bilhões no segundo semestre e em R$ 7,5 bilhões em 2021. Os números tendem a ser muito piores se o período de paralisação ultrapassar o dia 31 de maio”, aponta a nota informativa que analisa os impactos da Covid-19.

Os números pioram caso seja considerada queda de 10% do PIB de longo prazo. As reduções semanais do PIB seriam de R$ 10 bilhões para o segundo semestre de 2020 e de R$ 14,1 bilhões para todo ano de 2021.

“Caso o isolamento seja estendido os resultados seriam muito piores, e quanto maior a extensão do isolamento mais lenta deve ser a recuperação e pior a trajetória de longo-prazo, diante do aumento do impacto no endividamento da economia, e da falência de empresas e destruição de empregos”, adverte o material técnico da SPE. Mesmo quando considerada a recuperação em “V”, ou seja, sem perda de longo prazo e com recuperação rápida, o crescimento em 2020 seria negativo, com retração de 0,9% este ano.

A SPE alerta que caso as políticas de distanciamento social se prolonguem, serão acentuados os efeitos econômicos diretos (perda de produção e queda mais acentuada no PIB de 2020) e indiretos (maior número de empresas decretando falência, maior endividamento público e privado, aumento na taxa natural de desemprego etc., gerando uma recuperação mais lenta e queda mais acentuada no PIB de longo prazo).

Fonte: Ministério da Economia

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