6 de outubro de 2017

Pequenos e médios negócios devem focar aportes para reduzir ociosidade

Pelo Índice de Confiança do Empresário de Pequeno e Médio Negócios no Brasil (IC-PMN), do Insper, pequenos e médios empresários demonstram interesse em investir, neste trimestre, para recuperação gradual de sua capacidade produtiva ociosa.

De acordo com o levantamento feito pela instituição, as pequenas e médias empresas darão enfoque, principalmente, a investimentos em divulgação e infraestrutura.

O primeiro item, que engloba a publicidade, mídia e outras ferramentas de exposição, deve receber recursos de 26,08% dos empresários do setor do comércio, 27,03% da indústria e 26,96% da área de serviços – no total, 26,50% desses negócios devem aplicar neste segmento. No total, foram consultados 1.298 empreendedores em todo País.

Já a infraestrutura, que abarca equipamentos, reforma e, inclusive, ampliação da produção, deve receber maior atenção de 25,79% das companhias ligadas ao comércio, 26,58% da indústria e 26,44% de serviços – ao todo, terá recursos alocados de 26,12% dos empresários entrevistados.

De acordo com os especialistas consultados pelo DCI, no entanto, a melhora nessa perspectiva diz mais respeito a “tirar poeira” da capacidade ociosa (tanto para produzir quanto para captar demanda) das pequenas empresas, do que realmente um investimento para expandir a produtividade das mesmas.

“Muita gente [empresários] se preparou para uma demanda que não veio e criou-se um grau de ociosidade grande. Soma-se a isso a expectativa de que a recuperação não será exuberante, e, sim, algo gradual. Então, é mais para arrumar a casa, nada no sentido de incrementar, ampliar linhas de produção. É tirar a poeira da capacidade ociosa. Além do aporte em divulgação, porque pode vir demanda por aí”, explica o professor pesquisador do IC-PMN, Gino Olivares.

Um item definido na pesquisa como “nenhuma das alternativas” responde pelos pequenos e médios empresários que não pretendem realizar nenhum investimento do tipo, e tem números que se aproximam (e em alguns casos até superam) das opções mencionadas anteriormente nesta reportagem: 23,34% no comércio, 19,36% na indústria e 20,42% no setor de serviços, totalizando 21,80% do corpo empresarial, da pesquisa.

“Eu não esperaria um grande entusiasmo dos empresários agora, com a recuperação dando ainda seus primeiros sinais. São pessoas que querem esperar mais, que precisam de mais informação. Talvez nas próximas pesquisas, a gente refine mais essa pergunta, para ver se mudou o sentimento dos empresários”, continua Olivares ao DCI.

“Se tivermos um olhar diferente e tirar dos 100% apenas o pessoal que não quer investir, ainda teremos uma proporção grande de pequenos empresários que querem realizar algum tipo de investimento. Podemos ver um volume de quase 80%, um índice extremamente positivo”, aponta o coordenador de Estudos do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio.

A pouca pretensão de expandir os negócios pode ser vista nas perspectivas de expansão, que no levantamento do Insper, constam como intenção de 10,09% do comércio, 10,81% da indústria e 11,78% dos serviços. Juntos chegam à média de 10,71%.

Segundo os especialistas, uma retomada real, guiada pela vontade de expansão dos donos de negócios de menor porte, só deve acontecer quando as certezas envolvendo o cenário econômico forem mais concretas – algo que pode ocorrer apenas depois das eleições presidenciais de 2018.

“A única certeza que temos é que as eleições estão marcadas. Em relação à atividade, temos uma visão bem construtiva, um mundo que está crescendo depois de muito tempo, e uma inflação muito baixa [no Brasil], permitindo quedas de juros expressivas, criando perspectiva para que, nos próximos um ou dois anos, teremos um grau de confiança maior”, analisa Gino Olivares.

A pouca pretensão de capacitar funcionários neste trimestre (média de 10,71% entre os três setores) pode ser um sinal de que a recuperação de empregos deve ser o último indicador a melhorar nesse processo de retomada. “O emprego é sempre o último a recuperar quando você sai de uma crise. Tanto a decisão de demitir quanto de empregar requer muita cautela, demanda de muita certeza na retomada econômica, o que não acontece agora, uma vez que as eleições do ano que vem postergam isso”, diz Maskio.

Confiança

Ainda segundo o Insper, a confiança dos empresários caiu em comparação com o trimestre anterior, indica o IC-PMN. A confiança em faturamento, a maior dentro os itens estudados, é de 69,51 neste trimestre, ante 70,76 pontos no período imediatamente anterior.

O menor item que reflete a confiança dos empresários é o relacionado às contratações, marcando 56,88 pontos, contra 58,13 pontos registrados na última pesquisa divulgada. A confiança em investimentos também é baixa: 61,21 pontos neste trimestre, ante 61,69.

“O tempo é um fator muito importante. Os resultados demoram para aparecer”, conclui Gino Olivares.

 

Fonte: Fenacon.

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