11 de fevereiro de 2015

Profissionalização é a palavra de ordem para empresas familiares

Uma das questões mais debatidas quando se fala em governança corporativa nas empresas familiares é o processo de sucessão. Mas ele é o fim de uma série de decisões que começa na maneira como os negócios são conduzidos nas empresas no dia a dia. Estabelecer critérios bem definidos para administrar são o primeiro passo rumo à profissionalização.
“O tema controles costuma provocar incômodo nas famílias empresárias que acreditam ter o negócio já perfeitamente engrenado. A ideia de ter atividades controladas pode eventualmente gerar um desconforto, porque transmite-se equivocadamente a impressão de que o negócio ficará ‘engessado’ e, consequentemente, oportunidades poderão ser perdidas”, explica a professora Ana Paula Candeloro, do Insper. “Controle não ‘engessa’. Ele apenas protege a empresa de si própria”, ela emenda, argumentando que os controles internos também são uma poderosa arma contra os riscos externos.
Os benefícios da implantação desses mecanismos podem levar essas companhias a novos patamares. É o que exemplifica Manuel Mendes, sócio da consultoria Drummond: “A maioria das empresas familiares brasileiras exporta para os seus mercados vizinhos, com semelhança de cultura e idioma, o que sinaliza a necessidade do desenvolvimento de novas competências e parcerias estratégicas, para explorar mercados com maior potencial, a exemplo da América do Norte”. Ele destaca que a boa governança pode tanto consolidar o legado da família empresária quanto facilitar a captação de recursos via fundos de investimento ou mesmo abertura de capital.
Beatriz Zancaner, da ZCBS Advogados, afirma que os controles internos precisam estar previstos no acordo de sócios das companhias, de maneira a tornar mais transparente para os investidores o processo de tomada de decisão nas empresas.
Conflitos fazem parte da natureza e, não poderia ser diferente, também atingem as famílias, pondera Pedro Suchodolski, do grupo Voitel. Olhando para o processo de contratação em uma organização, ele destaca a importância da criação de métricas e indicadores de performance e avaliação de resultados para tornar as discussões entre os gestores mais objetivas. Sandra Papaiz, do grupo Papaiz, concorda e afirma que a confiança nas empresas é fundamental para sua longevidade.
Nesse sentido, as organizações devem decidir o que querem para o futuro de seus negócios. Bernardo Cavour, da Flow Executive Finders, aponta o amadurecimento do empreendedor e de sua capacidade para promover mudanças como um dos fatores mais importantes para consolidar essa definição.
Advogado atuante em Direito Empresarial, o leitor Gilvando Figueiredo Júnior cita os grupos familiares que criam processos para antecipar o processo de sucessão. Estes, ele explica, obtêm vantagens em questões fiscais e tributárias por estarem sujeitos a um risco menor do falecimento do gestor.
Fonte: Estado de São Paulo
 

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