6 de outubro de 2005

Lucro bruto das empresas cresce o dobro da receita

Em ano de instabilidade política e queda nas exportações devido ao câmbio sobrevalorizado, as empresas têm conseguido elevar a geração de caixa operacional. Levantamento com dados dos balanços das três maiores empresas de cada setor mostra que o indicador Ebit (ganho antes de juros e tributos, na sigla em inglês), conhecido como o lucro na atividade, cresceu 38,8% em média nos últimos doze meses em termos reais, chegando a R$ 54,97 bilhões.
O Ebit é o resultado operacional da companhia antes das despesas financeiras e participações, ou seja, indica a geração de recursos com a atividade específica da empresa. A diferença entre ele e o Ebitda é que este último não leva em consideração a depreciação e amortização.
A receita bruta das companhias também cresceu, mas de forma menos acentuada, 19,76%, mostrando que houve ganho de produtividade. Foram pesquisadas 42 empresas de 14 setores diferentes e os valores foram corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O setor que mais elevou a geração de caixa foi o de mineração, variação de 221% em relação ao seis primeiros meses de 2004. Além do aumento do preço do minério, em torno de 70%, a Vale do Rio Doce , gigante do setor, havia anunciado no início do ano intenção de ampliar os ganhos financeiros.
Em encontro com analistas em abril, o presidente da companhia, Roger Agnelli, afirmou que o objetivo era justamente fazer caixa enquanto os preços estivessem altos para compensar eventuais quedas no futuro. A expectativa da Vale é de que os preços permaneçam altos em 2006 devido à demanda crescente do mercado internacional.
O segundo setor que mais cresceu foi transporte, com aumento de 61,06% em doze meses. A alta foi puxada pelo segmento de aviação civil, principalmente da Gol Linhas Aéreas e da TAM . As companhias vêm investindo bastante em ganhos de produtividade e tiveram aumentos no número de vôos e de passageiros com o mau momento porque passa a Varig .
Em seguida aparece o setor de energia elétrica. De acordo com o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais de São Paulo (Apimec-SP), Haroldo Levy, empresas maduras e com investimentos já amortizados apresentam boas gerações de caixa. “Este é o caso do setor elétrico que, se não fosse o apagão (de 2001), teria geração constante”, avalia.
Entres os setores que mais perderam nos últimos doze meses está o têxtil. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as exportações de têxteis e de confecções no mês de agosto tiveram aumento recorde no ano, depois de dois meses de exportações abaixo dos níveis do ano passado. A expectativa é de crescimento das exportações de produtos semimanufaturados e manufaturados neste ano, o que pode elevar os ganhos.
Levy pondera que nesse tipo de análise, deve se levar em conta outros fatores. “O Ebit e o Ebitda não mostram a necessidade de capital de giro da empresa, ou seja, se uma empresa tem Ebitda de R$ 100 milhões, mas necessidade de capital de giro de R$ 50 milhões, o fluxo de caixa livre é reduzido”, explica.
Para ele, setores que trabalham com financiamento do cliente também podem não apresentar boa geração de caixa operacional, como é o caso de empresas de celulares, avalia.
 

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