1 de março de 2018

Reforma da Previdência não é opção. Tem que ser feita”, diz OCDE

O diretor de estudos de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Álvaro Pereira, foi categórico em relação à urgência da reforma da Previdência, apesar de ela ter sido enterrada por esse governo neste ano após a publicação do decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro. O técnico alertou que a mudança no sistema de aposentadorias será fundamental para equilibrar as contas públicas, contendo o crescimento da dívida bruta. Além disso, ele demonstrou preocupação em relação ao teto dos gastos, que pode não se sustentar a partir do próximo ano, sem a continuidade dos ajustes fiscais e das reformas.

“O problema fiscal é como alcançar esse ajuste. Sem reforma da Previdência, o teto (dos gastos) causa um problema e, por isso, ela não é uma opção. Tem que ser feita”, disse Pereira durante sua apresentação do Relatório Econômico da OCDE de 2018 sobre o Brasil, na sede do Banco Central, nesta quarta-feira (28/02).  “A reforma da Previdência não tem a ver com esse governo ou o próximo, mas com o Brasil. O sistema precisa ser corrigido, porque o gasto é elevado”, frisou ele, lembrando porque as contas não fecham. “Na maior parte dos países da OCDE, as pessoas se aposentam entre 65 e 67 anos e vão viver mais de 85 anos.

O Estado terá que pagar suas aposentadorias. No Brasil, as pessoas se aposentam entre 53 e 56 anos e vivem cada vez mais, algumas podendo chegar a 100 anos. O  Estado não vai ter dinheiro para pagar os benefícios durante tanto tempo”, comparou ele, sugerindo que alguma coisa tem que ser feita, como aumentar as contribuições e a idade média de aposentadoria. “Essa é uma questão interna e que precisa ser feita, mas não sei quando isso ocorrerá”, disse.

De acordo com Pereira, apenas a reforma da Previdência não será suficiente para conter o avanço da dívida pública bruta, que, segundo o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, poderá chegar a 100% do PIB.  O diretor da entidade explicou que há outras medidas que precisam ser adotadas para melhorar a eficiência dos gastos e a emenda do “teto dos gastos é o primeiro passo nesse sentido”, mas não é a única. “A carga tributária do Brasil é elevada, mas a base de contribuição é baixa e, portanto, existe margem para uma reforma nesse sentido, reduzindo ou revendo isenções. Há várias reformas que precisam ser feitas e estou convencido de que elas precisam ser feitas”, afirmou Pereira.

Fonte: Correio Braziliense

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